terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Coisas de Brasil

E assim o Brasil vai perdendo o bonde da história!

São Leopoldo tem um dos menores índices de analfabetismo e demendicância do país, talvez por causa de homens como este!

EMPRESÁRIO DE SÃO LEOPOLDO

Silvino Geremia é empresário em São Leopoldo , Estado do Rio Grande do Sul.

Eis o seu desabafo:

"Acabo de descobrir mais um desses absurdos que só servem para atrasara vida das pessoas que tocam e fazem este país: investir em educação écontra a lei .
Vocês não acreditam?
Minha empresa, a Geremia, tem 25 anos e fabrica equipamentos paraextração de petróleo, um ramo que exige tecnologia de ponta e muitapesquisa.
Disputamos cada pedacinho do mercado com países fortes, como osEstados Unidos e o Canadá.
Só dá para ser competitivo se eu tiver pessoas qualificadas trabalhando comigo.
Com essa preocupação criei, em 1988, um programa que custeia aeducação em todos os níveis para qualquer funcionário, seja ele umvarredor ou um técnico.
Este ano, um fiscal do INSS visitou a empresa e entendeu que educaçãoé salário indireto.
Exigiu o recolhimento da contribuição social sobre os valores quepagamos aos estabelecimentos de ensino freqüentados por nossosfuncionários, acrescidos de juros de mora e multa pelo nãorecolhimento ao INSS.
Tenho que pagar 26 mil reais à Previdência por promover a educação dosmeus funcionários?
Eu acho que não.
Por isso recorri à Justiça.
Não é pelo valor, é porque acho essa tributação um atentado.
Estou revoltado.
Vou continuar não recolhendo um centavo ao INSS, mesmo que eu sejamultado 1000 vezes.
O Estado brasileiro está falido.
Mais da metade das crianças que iniciam a 1ª série não conclui o ciclo básico.
A Constituição diz que educação é direito do cidadão e dever do Estado.
E quem é o Estado?
Somos todos nós.
Se a União não tem recursos e eu tenho, acho que devo pagar a escolados meus funcionários.
Tudo bem, não estou cobrando nada do Estado.
Mas também não aceito que o Estado me penalize por fazer o que ele não faz.
Se a moda pega, empresas que proporcionam cada vez maisbenefícios vão recuar.
Não temos mais tempo a perder.
As leis retrógradas, ultrapassadas e em total descompasso com arealidade devem ser revogadas.
A legislação e a mentalidade dos nossos homens públicos devemadequar-se aos novos tempos.
Por favor, deixem quem está fazendo alguma coisa trabalhar em paz.
Vão cobrar de quem desvia dinheiro, de quem sonega impostos, de quemrouba a Previdência, de quem contrata mão-de-obra fria, sem registroalgum.
Sou filho de família pobre, de pequenos agricultores, e não tive muito estudo.
Completei o 1º grau aos 22 anos e, com dinheiro ganho no meu primeiroemprego, numa indústria de Bento Gonçalves, na serra gaúcha, paguei uma escola técnica de eletromecânica.
Cheguei a fazer vestibular e entrar na faculdade, mas nunca terminei ocurso de Engenharia Mecânica por falta de tempo.
Eu precisava fazer minha empresa crescer.
Até hoje me emociono quando vejo alguém se formar.
Quis fazer com meus empregados o que gostaria que tivessem feito comigo.
A cada ano cresce o valor que invisto em educação porque muitosfuncionários já estão chegando à Universidade.
O fiscal do INSS acredita que estou sujeito a ações judiciais.
Segundo ele, algum empregado que não receba os valores para educaçãopoderá reclamar uma equiparação salarial com o colega que recebe.
Nunca, desde que existe o programa, um funcionário meu entrou naJustiça.
Todos sabem que estudar é uma opção daqueles que têm vontadede crescer...
E quem tem esse sonho pode realizá-lo porque a empresa oferece essaoportunidade.
O empregado pode estudar o que quiser, mesmo que seja Filosofia, quenão teria qualquer aproveitamento prático na Geremia.
No mínimo, ele trabalhará mais feliz.
Meu sonho de consumo sempre foi uma Mercedes-Benz.
Adiei sua realização várias vezes porque, como cidadão consciente domeu dever social, quis usar meu dinheiro para fazer alguma coisa pelosmeus 280 empregados.
Com os valores que gastei no ano passado na educação deles, eu poderiater comprado duas Mercedes.
Teria mandado dinheiro para fora do país e não estaria me incomodandocom leis absurdas .
Mas não consigo fazer isso.
Sou um teimoso.
No momento em que o modelo de Estado que faz tudo está sendoquestionado, cabe uma outra pergunta.
Quem vai fazer no seu lugar?
Até agora, tem sido a iniciativa privada.
Não conheço, felizmente, muitas empresas que tenham recebido otratamento que a Geremia recebeu da Previdência por fazer o que édever do Estado.
As que foram punidas preferiram se calar e, simplesmente, abandonar seus programas educacionais.
Com esse alerta temo desestimular os que ainda não pagam os estudos deeus funcionários.
Não é o meu objetivo.
Eu, pelo menos, continuarei ousando ser empresário, a despeito deeventuais crises, e não vou parar de investir no meu patrimônio maisprecioso: as pessoas.

Eu sou mesmo teimoso."

Silvino Geremia Diretor Presidente

Desde ja agradeço pela atenção

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3 comentários:

Se for sobre logística eu vou. disse...

Sr° Geremia, concordo totalmente em recorrer a injustiça brasileira, pois em plena atualidade, globalização, e sistemas e artificios para uma corrupção mais ativa por parte do empresariado brasileiro, vossa pessoa se destaca entre muitos capitalistas gananciosos em não somente ganhar dinheiro como é por exemplo o estado executivo brasileiro, mas também em ajudar seus funcionarios a evoluirem junto com sua empresa e o que me faz revoltar é que o estado executivo deveria sim fiscalizar as ações de sua empresa e penaliza-la quando realmente houver e de fato uma contravenção aos seus funcionarios/cidadãos deste país e não lhe atrapalhar com o bem comum a todos que à anos vem fazendo em prol do melhor para seus adotados funcionarios/filhos. Neste caso o estado executivo,(Brasil) deveria lhe apoiar e custear todos os gastos com este beneficio, descontando todos os custos atingindos com o programa direto do imposto de renda pago pela empresa em todos esses anos.

Anônimo disse...

Boa tarde
Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pela consciencia que o Sr. demonstra.
Agora gostaria de compreender como um país que está tentando se situar no comércio global não incentiva o desenvolvimento técnico científico de seus funcionários.(será que nossos políticos ainda nos querem somente como prole?)

Unknown disse...

Boa noite
Para entender melhor, o auxilio estudantil ou bolsa de estudos pode ser abatido no imposto de renda da sua empresa não?acho nobre sua atitude mas acho que existem meios legais de aumentar os conhecimentos de seus funcionarios otimizando assim legalmente os resultados de sua equipe.
grato:Eurico